quinta-feira, junho 27, 2013

BIG BROTHER: A TELEVISÃO DE RISCO, INSANÁVEL

A televisão corresponde a uma das mais extraordinárias invenções da civilização humana durante o século XX. Hoje liga-se ao mundo e liga o mundo em instantes incontáveis e permite ligar todo o planeta a um evento de suprema importância. E contudo, nas suas estruturas normativas, a televisão em si, como meio de comunicação e de entretenimento, tornou-se inútil, desconstrutiva, refém das receitas de publicidade e da luta pelas audiências, explorando vertiginosamente os piores níveis de invenção formal, da telenovela aos mais aberrantes concursos, da exploração de sorteios ao jogo com a demagogia das artes fúteis, do cançonetismo irrisório, da velocidade capaz de tornar a maravilha ilegível e subliminar, tudo sem regras, em cascata de ataques visuais e de constantes passagens de séries banais, castanhas, armadas, estereotipadas, entre vozes de comentadores do futebol (horas seguidas, marretas mais marretas) e a fala dos analistas políticos frente a coordenadores sem capacidade de aprofundamento e de zelar pela ordem, o que submete os telespectadores a vozes cruzadas, sobrepostas, sem a menor inteligibilidade. Depois há as galas de tudo e de nada, as fantasiosas importâncias deste e daquele, as intrigas, as banalidades, a imitação do génio, o humor do pior Parque Mayer de outrora. É uma infinidade de atrozes brutalidades contra os direitos dos espectadores, entre vinte a trinta minutos de publicidade por tudo e por nada, cortando mesmo fatias de ficção, minutos de telenovelas, sem lei nem roque.
Isto ocorre no momento em que um canal publica durante meses o famoso "Big Brother", coisa já muito repetida lá fora e com os maiores disparates de sensacionalismo erótico de atracção monetária. Em Portugal, a vedeta que conduz aos Domingos este programa, é a Teresa Guilherme, a quem muitos apontam grandes qualidades. Ao Domingo é tudo para ela e para invenções perfeitamente estúpidas a fim de amaciar o tédio e a histeria dos concorrentes encerrados num pseudo-modernismo, sem ligação a nada do exterior, entregues à sua cultura básica e instintos primários de qualquer pequeno grupo enjaulado e cercado de possíveis expulsões muito antes da chamada final e dos seus 30.000 ou 50.000 euros. A voz do Big Brother dá ordens e os desgraçados cumprem, mesmo que estupidificando-se, coisa que os sindicatos, cá fora, não tolerariam nem a Deus, quanto mais ao B.B. É verdade que o encarceramento pedagogicamente orientado, solicitando respostas pedidas à razão, à cultura perante o mundo, ao trato comportamental, poderia surgir como uma experiência frutuosa, analisável por técnicos, psicólogos e antropólogos. Seria uma mais valia para espectadores e pessoas que ainda não se deixaram vencer pela alienação deste tipo de consumismo. E sem a necessidade de gastar os Domingos, a ler a sua escrita laboriosa em fichas dos pacientes. Que viagem é esta, senhores?

 

O SUCESSO CUSTE O QUE CUSTAR,
MESMO A PERDA DA DIGNIDADE

sábado, junho 22, 2013

O BRASIL JÁ ESTÁ A ARDER? SÃO GRITOS DO POVO


Toda a gente ouviu falar no aumento dos transportes em S.Paulo, Brasil. A presidente tinha acabado de visitar Portugal, com alguma simpatia mas sem participar no 10 de Junho, dia de Camões e da Pátria, mãe do grande Brasil, feito de brasileiros a que os portugueses gostam de chamar irmãos. E, de súbito, o povo de S.Paulo veio para as ruas, protestar: era um pequeno erro da engrenagem política. Dez cêntimos a mais no bilhete. Num país que tinha crescido até há pouco a sete por cento, vindo de um desenvolvimento que retirara muita gente da pobreza mais dura, a febre pela História de amanhã abriu festa por todo o lado: para receber o próximo campeonato do mundo em futebol, com dez novos estádios, e tudo o que é preciso para, a seguir, se realizar ali as Olimpíadas, além de, durante os próximos anos se aceder à realização de grandes eventos desportivos, aberto ao planeta. Ora só a Copa do Mundo implica o gasto de quarenta bilhões de euros e os outros casos onze bilhões, incluindo ainda mais aeroportos, portos e hotéis, entre reforço e modernização dos transportes.


Com o passar dos dias, as multidões invadiram cerca de cem cidades em todo o Brasil, sofrendo batalhas com as forças da ordem, por fim exauridas com a desproporção dos factos. Havia protestos em ordem à melhoria dos serviços de saúde, da educação em todos os seus níveis, bem como protecção social, habitação, sistemas viários. O que parecia resolvido no Brasil, era ainda um mundo carecido de maior expansão infraestrutural. O que se compreende, apesar do desenvolvimento entretanto verificado, num país com muitos milhões de habitantes e zonas de menor avanço, por razões endémicas e outras, a extensão da terra, os custos cada vez maiores das coisas e das tecnologias. 
O governo já começou a reunir, procurando anunciar um plano que reforce os campos apontados pelas manifestações de rua. É preciso que os brasileiros agora se convençam da demora de todos os grandes projectos e do combate à corrupção, enviesamento cultural e civilizacional que a globalização veio favorecer num imenso espaço onde as sociedades cada vez menos são capazes de sustentar o tal «admirável mundo novo» de que tanto se falou nos anos 60 e durante as vertiginosas descolonizações que criaram independências e contracções de povos sem recursos de saber para desenvolver com harmonia os territórios onde o horror urbano e as assimetrias da população atrasam o amanhã.
 



                                  POLÍCIA MONTADA,
                                  DEDOS QUE APONTAM   
                                  A CORRIDA E A QUEDA,
                                  OS GRITOS E OS GESTOS




quinta-feira, junho 13, 2013

NEGAM AGORA AOS ARTISTAS O DIREITO DE AUTOR?


 ALEGORIA DO HORROR
    

 Não parece possível. Nada nos deveria dar direitos ao governo para, nem à Europa para nos roubar propriedade intelectual, direitos de autor, aos autores  das manifestações artísticas no teatro, no cinema.  
 Num texto publicado ontem no Facebook, o veterano ator revela-se indignado com o ministro das Finanças, que acusa de “institucionalizar o roubo”, perante “o silêncio do Primeiro–Ministro  e os olhos baixos do Presidente da República. 
   Ruy de Carvalho esclarece que decidiu manifestar  a sua indignação e depois de ter recebido  uma carta das Finanças que indica que já não é “artista” e passou a ser apenas “prestador de serviços”, deixando de ter direitos conexos e de propriedade intelectual.

          Da carta